domingo, 30 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Conselho pune psicóloga que diz curar homossexuais


O Conselho Federal de Psicologia puniu, na sexta-feira, 31 de julho, a psicóloga Rozângela Alves Justino, há 28 anos na profissão, com censura pública. A psicóloga entende que a homossexualidade pode ser curada.


Com a punição, mais branda do que a cassação do registro profissional, Rozângela poderá atuar como psicóloga, mas terá que rever sua prática para não infringir o Código de Ética da Psicologia e a resolução do Conselho, de 1999. A resolução afirma que a homossexualidade não constitui doença, distúrbio ou perversão.


Na interpretação do Conselho, Rozângela, que trabalha no Rio de Janeiro, demonstrou tratar a homossexualidade como uma doença ao oferecer terapia para que gays passassem a ser heterossexuais.


“Estou me sentindo amordaçada e impedida de ajudar as pessoas que, voluntariamente, desejam largar a atração por pessoas do mesmo sexo”, disse a psicóloga à imprensa. Ela anunciou que vai ignorar a decisão do Conselho.


O presidente do Conselho federal, Humberto Verona, argumentou que Rozêngela foi condenada com censura pública “para que toda a sociedade tenha conhecimento e ela não repita essa prática. Havendo insistência, ela vai arcar com todas as consequências”.


Os nove conselheiros votaram, por unanimidade, pela censura pública à psicóloga carioca. O advogado de Rozângela informou que vai recorrer da decisão do Conselho.


O bispo da diocese anglicana dissidente do Recife, Robinson Calvacanti, solidarizou-se com a psicóloga cristã, encorajou-a a prosseguir o seu trabalho profissional e protestou contra “essa ato de perseguição, heterofóbico do Conselho Federal de Psicologia.”


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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

via: http://cristianismohoje.com.br/ch/conselho-pune-psicologa-que-diz-curar-homossexuais/

domingo, 2 de agosto de 2009

Salém é Aqui


Antigamente o homossexualismo era proibido no Brasil. Depois passou a ser toleado. Hoje é aceito como coisa normal. Eu vou-me embora antes que passe a ser obrigatório. Arnaldo Jabor


O barulho é baixo como convém a alguns atos em que a ética e a verdade ou os valores dela derivados, estejam sob ataque ou sendo subvertidos. É assim que percebo o julgamento a que será submetida a psicóloga Rosângela Justino, evangélica – já condenada por uma censura pública pelo CRP-RJ –, por seu posicionamento favorável a pessoas que desejem e procurem, por livre e espontânea vontade, um psicólogo e que a este apresente seu desejo de mudar de orientação sexual, sejam atendidos.


É sabido que pessoas com orientação homossexual, ao longo do tempo, têm sofrido muitos tipos de agravamento à sua honra, desrespeito e agressões, incluindo a morte. Acontece, porém, que na sociedade brasileira há leis bastante, todas derivadas do famoso artigo 5º da Constituição Federal – este inspirado nas leis universais de defesa do valor da pessoa –, que acima do âmbito íntimo e particular da opção sexual, trata a todos, homens e mulheres, de igual modo, ou seja, basta ser uma pessoa em qualquer dos gêneros, para encontrar nela acolhida e é disso, no fim das contas, que se trata a situação de qualquer um, homossexual ou não. Que se clame pelo império da lei, portanto.


O movimento pró-gay, entretanto, inverte este paradigma e dá a seus membros um novo status. O fato de uma pessoa se identificar como homossexual na sociedade, automaticamente será alvo de preconceito, é o que se diz. Por este argumento, a pessoa homossexual, homem ou mulher, ganha especial condição, importando nisso uma defesa específica que se equipara à categoria de raça ou etnia vitimizada.


O argumento é tal, que numa reportagem do Bom Dia Brasil, a simpática apresentadora Mariana Godoy começa dizendo que a maioria absoluta de homossexuais já foi vítima de preconceito. Onde achou este dado, não explicou, apenas repetia um mantra. Ela falava a propósito de violências ocorridas na parada gay em S. Paulo. Irônico é que a mesma reportagem afirma que o consumo de álcool no evento bateu recorde.


Ora, a despeito do debate ainda inconcluso, sobre as razões, sejam elas fisiológicas, genéticas, sociais e psicológicas ou todas juntas, que levam uma pessoa a se tornar homossexual, é de se garantir, antes de tudo, aquilo que é a preocupação básica em todas as sociedades modernas ocidentais: que homens e mulheres recebam proteção, gozem direitos e realizem obrigações de forma livre e sob o manto da justiça. Baseado nisso, cada pessoa, no limite que lhe é garantido, faz aquilo que lhe apraz, inclusive mudar seus hábitos sexuais. Não é válido que alguém, alguns com mais de quarenta anos de vivência heterosexual, mude de sexo cirurgicamente, por que aquele(a) que tão somente pratica o sexo homossexual não pode mudar seu objeto de desejo?


Nem mesmo o testemunho de pessoas que, tendo sido homossexuais ativos e passivos, mudaram sua orientação, é suficiente para que o CFP entenda que se trata aqui, não de uma violação do código de ética da profissão, nem mesmo de prática charlatã da psicologia como poderiam também sugerir. Trata-se de garantir o direito daquele que deseja mudar sua orientação e daquele que quer e pode ajudar nesta sofrida caminhada, tão grande ou maior que o assumir-se gay.


Rosângela Justino, como profissional da psicologia, sem dúvida também movida por sua consciência e esta pela sua fé – será este o motivo principal desta caça às bruxas –, apoia, sim, pessoas na prática homossexual que, em angústia psicológica, a buscam ou a outros profissionais, para redirecionar o que lhe torna a existência sofrida. Que quer isso dizer? O que muitos psicólogos Brasil afora sabem e ouvem em seus consultórios. Pessoas que não estão certas de seus desejos e muitas vezes, confusos, se tem à frente um terapeuta ético, religioso ou não, acabam por optar pela heterossexualidade e vivem felizes nesta definição.


Por que alguém com inclinação homossexual só poderá ser inteiro(a), feliz e realizado nesta opção? Que cânone inflexível, que pesquisas irretorquíveis podem oferecer tamanha certeza se, como se sabe, a pessoa é a maior sabedora de si mesmo? Ou já se sabe mais que o próprio indivíduo sobre aquilo que lhe é mais apropriado, inclusive em área tão sensível?


A resolução CFP 001/99 (22/03/99) não pode se tornar tão engessada que julgue um profissional sem considerar questões mais amplas, inclusive aquele que deseja mudar. Em vez de punir, como se num estado de exceção vivêssemos, mude-se a resolução. Mas não, estas pessoas, em nome de uma suposta identidade sexual “imutável” se tornam, por este expediente, destituídas de qualquer autonomia, pois ou foram convencidas a mudar por coerção psico-religiosa ou são incapazes completos para decidir sobre a própria vida. O psicólogo – CFP –, é quem sabe o que lhe é melhor e tutelará o sujeito neste particular para que assuma sua verdadeira identidade, pois somente a dúvida já é motivo suficiente para enclausurá-lo ad aeternum naquela condição.


Por outro lado, segundo a resolução, o psicólogo que atende, mesmo guardando os princípios de respeito, sigilo e atenção ao indivíduo, constitui-se, neste ato, um declarado patologizador do homoerotismo, um divulgador e reforçador de preconceitos, um vendedor de ilusões de cura para um estado que, todos sabem (?), não tem volta. Quisera a sexualidade fosse definida assim como quer a resolução. Quisera não houvesse dúvida, nem desejos sexuais conflitantes. Quisera fôssemos todos resolvidos e o grau de sexualidade fosse estático e mais, não se relacionasse com as esferas espiritual e familiar e tão somente fosse ligado ao social e afetivo na exclusiva e hermética individualidade do sujeito.


Rosangela Justino será julgada no próximo dia 31 de julho. Está em jogo um debate sério sobre liberdades individuais, uma posição técnica, valores inegociáveis desta profissional enquanto pessoa e de todos aqueles que buscam num psicólogo ajuda para seus dramas nesta área tão delicada e que o acirramento de posições e o patrulhamento – Clodovil que o diga se vivo estivesse – hoje exercido por grupos do movimento gay não contribui para uma sociedade plural e respeitosa.



fonte: http://eudesalencar.blogspot.com/2009/07/salem-e-aqui.html